terça-feira, 25 de novembro de 2008

O Existencialismo da Mulher-Filé

Afinal de contas, quem é a "Mulher-Filé"? Com certeza não é mais uma mulher fruta, reclamam os vegetarianos. Sim, digo, não. Não é mais uma mulher-fruta, mas não se afasta muito delas. A garota canta mal, uma mistura de funk com alguns gemidos e, para horror das feministas, passa um cartão de crédito no bumbum a título de "caixa eletrônico".

Mas de que me interessa uma funkeira que não sabe cantar? O Fabiano agora está mudando de estilo e finalmente deixando o blues e o Chico Buarque?

Será que ninguém percebeu o existencialismo que existe por trás da "Mulher-Carne-de-Primeira"? A garota é a figura perfeita para o que Sartre dizia com: "O importante não é aquilo que fazem de nós, mas o que nós mesmos fazemos do que os outros fizeram de nós".

Ela fala bem, tem as certezas de uma sociedade de consumo concretizada no imediatistmo ("toda artista deseja posar pra Playboy" recita) e não se rende às críticas quando canta aos quatro cantos: "quem fala mal de mim é esterco, só me faz crescer". Aí ela se entrega, afinal, achava que somente as mulheres frutas cresciam com adubo.

A Mulher-Filé não é mais nem menos que muitas das garotas da nossa juventude, crescida numa sociedade que valoriza o "ter" em detrimento do "ser" ideologicamente conceitualizado, é imediatista e livre de qualquer valor ético. Mas será que é um fruto somente do nosso tempo? Ou trocamos de ignorância? Na idade média se queimavam bruxas e cientistas, nos anos 60 tínhamos os "alienados" da jovem-guarda, agora temos as "mulheres-fruta".

Termino com outra frase do Sartre: "não fazemos aquilo que queremos e, no entanto, somos responsáveis por aquilo que somos".

E vamos continuar a história, que se repete sempre inventando moda!

4 comentários:

Tereza Perazza disse...

Muito boa sua crítica!!!

Leo Paixão disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Leo Paixão disse...

O que acho curioso nas mulheres hortifrutigranjeiras é a referência nada sutil de seus nomes-frutas às formas voluptuosas de suas partes pudendas.
Já essa mulher filé, em questão, me parece ser fruto de uma analogia mais metafórica que a simples associação de formas.
Me dei a liberdade de pesquisar algo sobre a dita. Encontrei um video muito instrutivo no you tube:
"Mulher Filé - Musa do Pisca bumbum."
Existencialmente falando, ela é o próprio ser Para-si. Não tem uma essência definida portanto não é resultado de uma idéia pré-existente, E como "a existência precede e governa a essência", ela tem a liberdade de fazer de si o que quiser. Mesmo que seja piscar os avantajados glúteos na internet. Você há de convir que uma habilidade dessas é merecedora dos maiores méritos.
Acho que as frutas terão que se esforçar muito para se manter na mídia com uma competição dessas.

Fabiano Novais disse...

Obrigado pelos comentários.

as mulheres-filé, assim como as mulheres-frutas, mulheres-qualquercoisa, são alusões reducionistas que somente entregam um tempo em que é preciso fazer sucesso independente do que fazem. É o sucesso pelo sucesso, o nada pelo nada...